Recentemente, voltei de uma viagem que me fez pensar muito sobre o tempo — sobre como a gente vive correndo contra ele, se perdendo nele, e quase esquecendo de simplesmente estar presente.
Fui para Cambará do Sul, um lugar onde o tempo parece respirar diferente, entre cânions imensos e momentos de contemplação silenciosa. Fui convidada a conhecer o Parador e o Wood Hotel — nomes que talvez ainda não falem muito para você, mas que espero que, ao final dessa história, te despertem alguma curiosidade.
A estrada até lá, que sai de Porto Alegre, já dá o tom do que virá: um afastamento gradual da pressa e uma aproximação delicada com a natureza. O Parador é um refúgio, inspirado nos lodges africanos, mas que honra profundamente a cultura gaúcha. Não é só um hotel, é um lugar para se sentir parte da terra, das histórias e dos sabores.
Ali, vivi momentos que ficaram gravados no paladar e na memória. Provei o queijo serrano, aquele que tem denominação de origem, feito por produtores locais que carregam em suas mãos a história de gerações. Provar aquele queijo foi mais que sabor, foi entender resistência e futuro.
E teve o churrasco campeiro, preparado com calma, começando às cinco da manhã, no espeto fincado no chão, cozinhando lentamente. O cheiro, o sabor, a combinação perfeita com linguiça de porco, pinhão e uma farofa feita com erva-mate. Palavras não bastam para traduzir.
E mesmo o Parador sendo um convite ao descanso e à imersão, o entorno também chama. Fui ao Parque Nacional dos Aparados da Serra, um dos mais antigos do Brasil, onde caminhei pelos cânions Itaimbezinho e Fortaleza. Lá, o guia Gustavo me contou sobre a história geológica, sobre Pangea, Gondwana, sobre como tudo isso formou a maior cadeia de cânions da América Latina. Me senti pequena, parte de algo imenso, e a sensação foi boa — quase um convite para respeitar mais o planeta.
Conheci também Dona Maribel Edira, do povo Pareu, que luta pelo direito de permanecer naquela terra ancestral. Foi uma aula de história e de humanidade.
À noite, o céu me presenteou com um show à parte. No alto de um morro, guiada pelo astrofotógrafo Egon Filter, vi a Via Láctea, o cinturão de Órion, satélites. O silêncio e a imensidão do universo me ensinaram que a vida é muito maior do que nossos relógios acelerados.
Depois, segui para Gramado, uma cidade que eu já conhecia, mas dessa vez descobri seu lado mais autêntico. O Vinolab me colocou para brincar de alquimista do vinho, criando meu próprio blend. No Giostra, mergulhei na cozinha aconchegante da chef Carla Pernambuco. No Wood Hotel, me encantei com o Ocre, restaurante da chef Roberta Sudbrack, que traz o Brasil para o prato, valorizando ingredientes locais e orgânicos.
E ainda teve a experiência sensorial na Chocolateria Miroh, com chocolates feitos com cuidado, respeito e consciência — uma produção que olha para o planeta e para as pessoas.
Conhecer negócios assim me fez acreditar de novo. Acreditar que é possível viajar com impacto positivo, que o turismo pode ser regenerativo, que a gente pode deixar um legado em cada passo.
Foi uma viagem curta, mas que me tocou fundo. Me fez lembrar que a gente não precisa correr tanto. Que desacelerar é um ato de cuidado, com a gente, com o outro, com o mundo.
Se você também sonha com viagens que tocam a alma, que acolhem e transformam, me conta. Vamos descobrir juntos esse lugar no mundo.
Com carinho,
Alice Assad