Visitar a África do Sul foi um sonho antigo. Mas eu não imaginava o quanto essa viagem me atravessaria em tantos níveis diferentes. Fui para conhecer paisagens, sim. Mas voltei com uma nova compreensão sobre história, ancestralidade, potência e presença.
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Comecei por Johanesburgo, cidade que me marcou profundamente. Ela pulsa diversidade, abriga a maior floresta urbana do mundo e carrega feridas históricas ainda abertas. Visitar o bairro de Soweto, entrar na casa onde Nelson Mandela viveu, andar pelas ruas onde o Apartheid deixou suas marcas, foi sentir no corpo o peso e a urgência da memória. No Museu do Apartheid, cada imagem, cada relato, cada linha contava uma história que me desafiava como pessoa e como viajante.
E então veio a Cidade do Cabo, com sua beleza cênica que parecia tirar o fôlego a cada curva da estrada. Do topo da Table Mountain ao caminho até o Cabo da Boa Esperança, tudo é grandioso. Mas mesmo ali, em meio à paisagem de cartão-postal, encontrei uma segunda revirada emocional: a visita à Robben Island, prisão onde Nelson Mandela passou 18 dos seus 27 anos encarcerado. O tour é guiado por ex-detentos, como o senhor Dumisani Mwandhla, que compartilhou conosco sua história com generosidade e força. É impossível sair dali do mesmo jeito.
Entre uma emoção e outra, também vivi momentos de puro encantamento. Caminhei entre vinhedos centenários, me emocionei com o cuidado dos anfitriões, provei comidas típicas deliciosas e fui recebida com um acolhimento genuíno que nunca tinha experimentado antes. Descobri que a hospitalidade sul-africana é uma das mais profundas que já vivi. Há brilho no olhar, escuta verdadeira, vontade de receber.
A África do Sul não cabe em estereótipos. É um país múltiplo, que exige tempo, sensibilidade e respeito. Para mim, é o destino ideal para quem busca mais do que belas fotos. É para quem quer viajar com propósito, se abrir ao mundo e voltar diferente. Porque é isso que lugares transformadores fazem com a gente: nos atravessam de forma tão verdadeira que se tornam parte da nossa própria história.